Hoje lembrei de você
Pegou
as chaves da bolsa, abriu a porta, entrou no apartamento, tirou os sapatos, os
deixou ali mesmo na sala e se jogou no sofá. Estava tudo tão silêncio que quase
podia ouvir as batidas do seu coração.
Fitou
os olhos, meio com preguiça pra mesinha do centro da sala, havia copos vazios
de quase dois dias que se esquecera de lavar. – Mais agora não, murmurou ela,
talvez mais tarde eu os lave, por alguns instantes, pensou ela, que não era
muito diferente deles, todos incrivelmente lindos por fora, mais vazios por
dentro. Porque por mais belos que fossem todos aqueles sorrisos estampados em
seu rosto, nem de perto nem de longe conseguiam construir ponte sobre o preto e
branco dos dias cinza, eram na verdade só disfarce, tão automáticos que ninguém
suponharia que na verdade escondiam dores que nem ela mesma sabia explicar, o porque do tal motivo ou por qual razão.
Num
instalo quase brusco, seus pensamentos foram interrompidos por Fiona, sua gata
de estimação que de forma carinhosa se rosava em suas pernas. – Oi princesa, tá
com fome? Tá com saudades da mamãe, tá? Com voz suave dizia enquanto colocava
Fiona no colo. Inclinou-se no sofá, pegou o controle remoto da TV e com os
dedos polegares revirou os canais em busca de algo que lhe agradasse, mais nada
lhe despertava interesse, resolveu então ligar o rádio, sintonizou em uma
estação que tocava uma sequência de Djavan, que maravilha suspirou ela, agora
sim, podia relaxar.
Fechou
os olhos e quase dormiu com a voz macia do Divo do Djavan, mais não pôde porque
a música de fundo lhe transportara para momentos mágicos que de certa maneira
não queria relembrar, pelo menos naquele momento.
Mais,
no mesmo instante se lembrou de uma foto que guardara bem no fundo da estante.
Levantou-se, pegou a foto, e, em silêncio ficou. Depois de um tempo, enquanto
uma lagrima escoria em seu rosto, disse ela, enquanto admirava a fotografia: –
Eu quis tanto, tanto que nós dois tivéssemos dado certo, porque teve que ser
assim anjo? Enquanto enxugava as lagrimas começou a pensar que não podia ter
terminado de outra maneira se não desta, eram de mundos diferentes.
Embora
fossem diferentes, com manias e gostos diferentes, foi com ele que ela aprendeu
o valor do amor, aprendeu o quão gostoso era se entregar por inteiro a alguém
sem esperar nada em troca, por conta dele ela era uma pessoa melhor. Ele tinha
sido seu primeiro e único amor, mais que por fatalidade do destino estavam
separados, mais a culpa não era de um nem de outro, eram na verdade duas
vítimas do acaso da vida.
Rapidamente
levantou do sofá, desligou o rádio, tomou banho, vestiu-se com roupas
confortáveis, quis muito dormir e esquecer as lembranças que agora, mais que
nunca se faziam vivas em sua memória, mais esquecer não era uma virtude dela e
ela sabia disso. Fez força para dormir e dormiu em seus sonhos ela o tinha de
volta.
2 comentários
Que texto profundo! Você escreve muito bem. Parabéns, Leila!
ResponderExcluirBeijo,
Eu Rabisco ♥
ohhhwwww Deyze. Tão bom ler seu comentário. Obrigada ^_^
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