Não seria eu
Se não fosse a obsessão por fotografia e cachorros, as
horas dedicadas à leitura, os meus livros arrumados por cores na estante e as
canetas coloridas em cima da escrivaninha. Se não fosse as minhas músicas
repetidas, tocando todos os dias no quarto, o gosto musical que vai de um
extremo a outro e a minha coleção de CDs. Se não fosse essa minha alma de
pássaro que quer sempre alcançar voos, a inquietude de querer sempre descobrir, avançar, aprender, continuar algo novo, não seria eu. Se não fossem os
amigos que fiz pelo mundo, alguns distantes e outros bem pertinho, as
histórias, os sonhos e as memorias acumuladas pelo caminho. Se não fosse a
vontade de escrever e a vergonha de publicar, não seria eu.
Se não fosse as minhas roupas coloridas, o gosto por
sapatilhas e o cabelo desarrumado solto ao vento. Se não fosse
aquela história que já faz mais de três anos, o coração surrado e o meu jeito
bobo de sempre acreditar e tentar outra vez. Se não fossem os sábados,
acordar cedo e encontrar os irmãos na igreja, se não fosse a minha comunhão com
Deus através da sua palavra ou o coração firmado, na certeza de que breve, Jesus vai
voltar, não seria eu. Se não fosse a vontade de ajudar, os planos que falharam e
a coragem de continuar, não seria eu.
Se não fosse o meu quarto, quase sempre bagunçado, a
vontade constante de dormir e a dificuldade de acordar cedo. Se
não fosse os meus erros, a teimosia e os acertos. Se não fossem a
preferência por filmes água com açúcar, ou o prazer nas coisas simples. Se não fosse a aparência tão verdadeira, o riso frouxo, a ansiedade
ou a alma de guerreira. Se não fossem a obsessão por doces, a
melancia gelada, o açaí novinho e grosso, as saladas e as comidas saudáveis ou
os almoços de domingo...
…não seria eu.
P.S. O texto foi
inspirado na música “Capitão Gancho”, da Clarice Falcão. Quem gostou, fica à
vontade para fazer também! :D
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