Relatos de uma aventura Geográfica
Aquela não era só
mais uma viagem, parte do roteiro traçado por mim, na busca de alguma resposta
para a minha pesquisa. Não era um lugar estranho ou incomum, tinha um afeto por
aquele lugar. Era o lugar onde havia vivido boa parte da minha infância, os melhores
dias da minha vida eu diria.
Quando entrei
naquele barco, em uma sexta feira chuvosa, me lembro bem, minhas mãos ficaram
frias, uma ansiedade tamanha havia tomado conta de mim. Tanto tempo que eu não
voltava lá, justo por isso, não saber o que me esperava ao descer daquele barco
me deixava com vontade, ainda maior de chegar.
Para chegar,
precisava atravessar duas bahias, era o percurso. Já que iria demorar mesmo,
tinha de apreciar a paisagem, que diga-se de passagem era um tanto atraente
para Geografia do Turismo. Parei por alguns instantes para observar o barco,
ele me causou estranhamento, última vez que viajara num desses barcos ele era
mais simples, pelo menos não tinha poltronas confortáveis, como este em que eu
estava, eram lugares para atar redes, esse não tinha, era apenas poltronas.
Antigamente, se podia colocar a cara ao vento, sentir a brisa gelada tocar o
rosto, no barco em que estava, olhar por entre a janela de vidro já se tinha
que se dá por satisfeito.
O olhar se perdia
de vista, tão vasto que era, olhar por entre a janela. O corpo estava lá, mais
os pensamentos estavam distantes. Algumas vezes, quando eu me dava por mim,
podia ouvir duas garotas perto de mim, fazendo altos planos para aquele final
de semana, festa, garotos era o assunto centra da conversinha delas, eu só
pensava em chegar…
O relógio marcava
18:30 quando o estrondo do morto parou, todos estavam eufóricos para
desembarcar, eu? Eu era uma delas. Rapidamente juntei minhas coisas, levava uma
única mochila, nada mais que isso e um guarda-chuva que tinha comprado no moço
da esquina da FAB, uma hora antes de comprar as passagens. Minutos antes de
entrar no barco tinha ligado para o meu irmão avisar para algum parente meu,
que eu estava indo pra lá, mais como a bateria do celular estava fraca e a
ligação ruim, não sabia direito se ele tinha me entendido, que naquele momento
eu estava indo para o Afuá, município do Estado vizinho, lugar que eu vivi boa
parte da minha infância, até os setes anos de idade, pra ser exata.
Justo por isso
quando o barco atracou, eu estava meio na dúvida se teria alguém me esperando.
No trapiche, havia muitas pessoas esperando por alguém que se encontrava no
barco. Olhei atentamente, e avistei entre o amontoado de pessoas, um primo, com
quem tinha compartilhado a infância boa, voluntariamente meu sorriso foi orelha
à orelha.
Fui ao encontro
dele, coloquei um pé na escada que ligava o barco a ponte, e quando fui pôr o
segundo pé, minha linda sobrinha caiu na água, Aff! Era tão bonitinha, toda
florida… A não ser que eu me lançasse no rio, eu a teria de volta, mais sabe,
deixei pra lá, pensei comigo mesma: Quando eu voltar pra casa compro outra, e
assim, desci do barco e fui ao encontro da minha aventura geográfica…
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